
A ninguenzada que povoa Tatuí e muitas outras cidades brasileiras estava apenas nascendo e crescendo. Não se reuniam em hordas.
Em uma madrugada, cerca de 30 anos passados, estávamos conversando na praça, como de costume.
De repente, apareceu alguém que avisou ter ocorrido um crime: o Ditinho Cigano havia sido baleado!
Alvoroço, todos queriam saber o que acontecera. Ditinho Cigano era bastante conhecido na cidade, era um verdadeiro galã.
Tatuí é uma cidade singular. Ciganos andam pelo mundo todo, mas aqui alguns grupos radicaram-se.
O fato havia acontecido poucos minutos antes, fomos até as proximidades da casa do Ditinho, para obter mais informações sobre o acontecido. Na verdade, isso quer dizer apenas xeretice. Saíram alguns carros da praça lotados de xeretas.
Chegando ao destino, encontramos uma confusão na frente da casa de uns ciganos vizinhos de Ditinho.
- Cabreúva atirou Ditinho!
Fomos perguntando o que havia acontecido e como estava o Ditinho, ao que responderam:
- Ditinho foi levado pra Sorocaba. Ele tá precisando de sangue! – uma das cigana mais velha exclamou.
- Que tipo de sangue? – um dos preocupados curiosos perguntou.
- Qualquer típu de sangue! O Ditinho tem coração de ouro, aceita qualquer típu de sangue! – respondeu a velha cigana, falando algumas palavras de maneira cantada, como no dialeto cigano, aumentando a confusão.
Alguns dos curiosos que lá estavam foram até Sorocaba, para doar sangue ao hospital onde estava o ferido. Mas quando chegaram era tarde demais, Ditinho não resistiu aos ferimentos e faleceu.
Um dos ciganos que lá estavam perguntou ao médico onde havia penetrado o projétil.
- Acertou a artéria! – respondeu o doutor.
- Ah, disse o cigano, acertô a veia artéria tem que morrer! – sentenciou.
Quando o corpo chegou já era dia. Chamaram o padre para fazer os últimos sacramentos ao defunto. Ciganos têm suas crenças, mas não dispensam as cerimônias católicas.
O padre veio e aspergiu água benta no defunto, enquanto proferiu suas orações.
Assim que o padre saiu, chegou a avó do Ditinho. A matriarca dos ciganos de Tatuí.
Ela, muito triste, examinava o defunto cuidadosamente. De repente, descobriu uns pingos na face do defunto e cismou que ele estava suando:
- O defunto tá suando! Ditinho tá vivo! Ditinho tá vivo!
Enquanto falava, a Vó, como era chamada, foi empurrando o caixão para fazer o morto levantar. Mas o que aconteceu foi que quase derrubou tudo por lá. O tal suor nada mais era que a água benta do padre!
Um comentário:
Alô Fran, estava pesquisando algo sobre ciganos e dei com o seu site SUPIMBA ! Vou acessá-lo mais amiúde.
abraços Daniel Cassimiro-Boituva.
Postar um comentário