sexta-feira, março 03, 2006

36) Caso macabro

Este caso macabro e escabroso foi contado pelo Zezinho Malaquias, que ouviu do Darci Quinteiro. Vamos lá:

A subida do Morro Grande era muito mais íngreme que hoje. Há alguns anos foi rebaixada um pouco, aumentando em comprimento, mas reduzindo seu ângulo. Esse acesso foi chamado de Morro Grande Velho, depois que foi rasgada a “estrada de Porangaba”, atualmente denominada de Avenida Pompeu Reali.

A subida do Morro Grande Velho era terrível. Mas tinha sua serventia extra, mesmo depois da nova estrada de Porangaba, que desviava do tope, subindo mais devagar. Não havia negócio de mulas ou cavalos em Tatuí sem que o animal fosse experimentado nessa subida:

- Pode exprimentá! O animar sobe o Morro Grande co arreio compreto! – diziam os negociantes de eqüinos e muares.

Só os melhores animais conseguiam subir o Morro Grande Velho

Como via de acesso a subida do Morro Grande Velho havia sido substituída pela atual Avenida Pompeu Reali, mas ainda residiam algumas famílias nessa região. Atualmente há até mesmo condomínio para a classe média.

Este caso que conto aqui ocorreu há mais de trinta anos, ocasião em que o Darci Quinteiro tinha um bar logo no início da Rua Capitão Lisboa. O acesso pela avenida já era todo asfaltado, mas a velha subida do morro continuava do mesmo jeito... uma lama terrível, visto que ali o barro é grudento, terra piçarra ótima para olarias e péssima para o trânsito de veículos.

Um dia faleceu um morador do alto do morro, quase lá no bairro da Guardinha. Estava desenganado, passou mal desde a noite e faleceu pouco antes do meio-dia... Como os recursos eram poucos, o cunhado do morto desceu na cidade para avisar a funerária e acertar a arrumação do defunto em sua última viagem.

O homem cobriu o corpo do morto e foi buscar ajuda

Resolveu parar no bar do Darci Quinteiro para limpar os sapatos do barro do morro, antes de prosseguir em sua caminhada.

Entrando no bar, contou ao Darci o que havia acontecido, que seu cunhado faleceu e que estava indo acertar a funerária e alguém para limpar e arrumar o defunto. Uns fregueses que lá estavam ficaram condoídos com o homem. Sabendo de sua triste situação, ofereceram uma bebida para que este pudesse continuar com um pouco mais de ânimo.

Claro que ele aceitou aquela oferta! Era justamente o que mais precisava naquele momento, um pouco de álcool para reduzir suas preocupações.

Enquanto tomava a bebida, chegaram mais alguns freqüentadores que, sabendo da história do falecimento do tal sujeito, ofereceram mais uns tragos. Queriam amenizar a infelicidade do cunhado do defunto.

Entra freguês e sai freguês e cada um pagava uma bebida... qualquer coisa que ele desejasse... daí ele percebeu que essa história de defunto estava lhe rendendo bebida de graça.

Com uma história tão triste não faltou bebida e nem cigarros.

Em pouco tempo, foi juntando gente no bar. Chegaram alguns chapas que tinham acabado de receber por uma descarga ali na Indústria Marapé. Acharam que até conheciam o defunto, não tinham certeza, mas isso não importava. Aqueles homens, com dinheiro no bolso e um motivo para beber, passaram a tomar todas... o pobre homem, que nem precisava mais fazer cara de dó, pois já estava de dar dó, não parava de tomar... Brahma, Antarctica, quebra-gelo, Brahma, Antarctica, tira gosto... já tinha esquecido o que deveria fazer... estava “miando”...

As homenagens etílicas ao defunto não cessavam

Com essas tristes homenagens ao defunto, as horas foram passando. Ele que tinha saído pouco depois do meio-dia, não percebia que a tarde estava no fim. Não estava com fome, porque havia saboreado uns tira-gostos... mortadela... queijo provolone com óleo de oliva... coxinhas... almôndegas... tudo acompanhado de molho de pimenta e muita bebida.

Quando caiu em si percebeu que já era quase noite:

- Ai, eu preciso buscar alguém para limpar o defunto!!! – exclamou.

Os outros fregueses já estavam a “mil por hora”, mas um deles falou:

- Fica sussegado que nóis vai lavá o defunto pra você!

Isto deixou o homem tranqüilo, que aceitou mais uma cerveja oferecida por outro freqüentador do bar. Um pouco mais de tempo e o Darci avisou que ia fechar o bar. Assim, saiu o homem acompanhado de mais quatro “paus d’água” e dirigiram-se para o morro.

Certamente que a tarefa a ser realizada não era coisa para todos. A maioria das pessoas não se sentem confortáveis em lidar com defuntos. Sabedores disto, tiveram o cuidado de levar umas garrafas de cachaça para dar ânimo durante a limpeza do morto.

Chegaram os cinco depois de muita dificuldade para subir o morro. Pudera, estava tudo escuro e, para completar, bebiam há horas! A viúva estava desesperada. Não era para menos, seu irmão saiu muitas horas atrás para buscar ajuda para enterrar seu esposo e só agora retornou. Resta lembrar que, nessa época, eram raras as residências nesse bairro. Uma isolada da outra. A viúva não saiu de casa para não deixar o defunto sozinho, esperando, de um momento para outro, a chegada da funerária. Isto não aconteceu.

O defunto ficou o dia todo estirado na cama

Vieram apenas os pinguços que passaram a tarde bebendo em homenagem ao falecido. Na casa, de pau-e-barro, só tinha um pequeno lampião a querosene. A escuridão era quase total. Mas resolveram assim mesmo lavar o defunto para ajeitar em sua roupa, para a viagem final.

Para realizar aquela tarefa desagradável, continuaram a beber enquanto ensaboavam o defunto

Encheram de água uma bacia e, com bastante dificuldade, carregaram o morto. Estava já enrijecido... colocaram seu corpo sobre a bacia. Não conseguiam dobrar o corpo para colocar as nádegas na água.

- É só forçar um pouco que dobra! – disse um deles.

E assim fizeram. Forçaram para que o corpo do defunto mergulhasse na água, para que fosse possível lavar adequadamente as suas partes íntimas. Mas ao forçar o morto, alguns gases foram expelidos, por todos seus orifícios. O processo de decomposição já estava em andamento.

Na limpeza, enquanto um deles jogava água com uma caneca, outro esfregava o sabão no defunto. A luz não clareava direito.

De repente, o pinguço que ensaboava deixou cair o sabão na água. Como estava quase totalmente escuro, enfiou a mão na água e, tateando, encontrou algo quee pegou para continuar a esfregar.

Esfrega aqui e esfrega ali e o morto começou a cheirar mal. Muito mal.

- Ainda bem que nós viemos lavar o amigo. Ele já está fedendo muito! – disse um dos prestimosos limpadores de defunto.

Só que o cheiro não saía, pelo contrário, aumentava cada vez mais. Aquele que ensaboava o defunto foi cheirar sua própria mão, pois não agüentava mais o fedor.

- Ai! Cadê o sabão? – exclamou surpreso - Meu Deus! O que foi que aconteceu? Parece que virou merda!

E realmente o que estava em sua mão não era nenhum sabão. Era um cocô do defunto... Quando dobraram o corpo do morto sobre a bacia, foram expelidos gases e um pouco de fezes. É coisa normal em defuntos que, mesmo algum tempo depois de mortos, ainda possam expelir fezes.

Aconteceu que nesse momento em que o fizeram dobrar, o defunto obrou. Quando caiu o sabonete, o pau d’água que pegou a coisa dentro da bacia não conseguiu identificar direito e pegou um cocô do defunto...

A viúva desandou a chorar quando percebeu o que estava acontecendo

Estavam espalhando merda no defunto. A limpeza estava dando resultados opostos. Em vez de limpar, sujaram o morto. Ficou tão sujo como se tivesse caído em uma fossa negra. Arre, que situação!!!

3 comentários:

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