sábado, julho 29, 2006

57) O caso da privada dourada

O casarão dos Guedes é uma verdadeira jóia. Não que seu estilo arquitetônico apresente alguma forma diferente, mas sua imponência é inegável. É um desatino o que está acontecendo com esse imóvel, abandonado e sendo destruído ora por invasores, ora pela ação do tempo. Sua restauração representa a preservação da memória histórica de um período importante de Tatuí.

O casarão está abandonado.

Alguns anos atrás, no final da década de 60, o casarão era habitado esporadicamente, mas havia constante conservação. Problemas ocorridos com o conjunto da Fábrica São Martinho, pertencente aos mesmos proprietários do casarão, provocaram o abandono do imóvel.

O Conservatório de Tatuí estava instalado ali perto, na esquina de cima, em outra casa pertencente aos Guedes. Só que não havia espaço para aulas de todos instrumentos, principalmente devido ao barulho provocado pelo alunos de instrumentos de sopro.

Sendo assim, também era aproveitada a área externa do casarão, onde ficavam as garagens e dormitórios de empregados, para as aulas de instrumentos de sopro. Eu mesmo andei por lá, tentando aprender a tocar trompete (piston, como chamavam na época). Mas não fui muito longe com isso.

Muitos músicos de hoje passaram pelas aulas do professor Coelho naquele local, onde também ensaiava a gloriosa Banda Santa Cruz.

Aconteceu, certa ocasião, uma festividade qualquer por lá. Muita gente aproveitou para entrar naquela propriedade, mais para conhecer que simplesmente ouvir a banda.

Mé, cigano famoso como tocador de baixo-tuba.

Depois de uma retreta, os músicos guardaram seus instrumentos e passaram a consumir o chope, que era generosamente servido a todos. Mé, cigano erradicado em Tatuí e considerado o “maior tocador de baixo-tuba do Ramal de Itararé”, não poderia faltar.

Nem da apresentação musical e muito menos da rodada de chope, além dos salgadinhos.

Zeloso com seu instrumento, escondeu-o em um cômodo do casarão, pensando que lá ninguém entraria.


Algum tempo depois, o maestro chamou os músicos da banda para tocar. Quando o Mé foi buscar seu instrumento, sentiu um cheiro estranho. Ao pegar a tuba, percebeu que estava molhada com um líquido mal-cheiroso e empastado com algo ainda mais fedido.

Mé deixou sua tuba no chão de um quarto escuro e foi tomar chope

Cuidadosamente lavou a tuba e, bastante contrariado, foi tocar junto do resto da banda. Reclamou com os colegas do ocorrido, mas ninguém havia uma explicação para o fato. Uma molecagem, imaginaram todos.

A festa prosseguiu mais algum tempo. Mas acabou o chope, os salgadinhos e o fôlego dos músicos. Quase todos já havia saído.

Um dos músicos estava desmontando seu trompete e guardando-o no estojo, quando escutou alguém comentando com um amigo:

Que privada estranha!!!!!

- Puxa, o casarão é tão grande dentro e muito chique! Fui ao banheiro, estava um pouco escuro, mas a privada era toda dourada! Nunca vi algo semelhante! – contava esse alguém ao amigo.

A tuba, para o Mé, era uma verdadeira jóia.

- Só que essa privada não é muito confortável! Tive que fazer minhas necessidades meio que equilibrando o corpo, pois não dava para sentar direito no vaso! – continuou explicando.

TLIM!!! No mesmo instante caiu a ficha do trompetista. Descobriu o que havia acontecido com a tuba do Mé Cigano!

- Mé! – gritou. – Descobri o que aconteceu. Aquele sujeito c.... na sua tuba, pensando que era uma privada folheada a ouro!

Durante o resto daquele dia Mé cuspiu sem parar, lembrando que soprou seu instrumento durante horas... Será que isso aconteceu??? Éca!

2 comentários:

Soube disse...

- Soube?
- Do quê?
- Adorei seu blog, muito bom seus causos...
- É!
- Já dei boas risadas!
- É!

rodrigo tatui disse...

Kkkk mto bom