sexta-feira, julho 28, 2006

56) A mirabolante viagem do caminhão porcadeiro

Helio Vieira foi um dos corretores de maior sucesso em Tatuí. Aliás, se tudo que contava correspondesse à realidade e os negócios que dizia ter feito fossem reais e concretizados, Helio teria sido o maior corretor do mundo.

Helio contava passagens de fazer corar o famoso Barão de Münchausen

Antes de ser corretor fez um pouco de tudo. Na década de 60 lidava com suínos. Tinha alguns caminhões que transportava suínos, três F-600 com carroceria apropriada para transporte desses animais. Uma carga bastante mal-cheirosa, mas lucrativa. Certa ocasião encostou os caminhões na Praça da Santa e fotografou sua frota. Ele orgulhava-se dela.

Atualmente as atividades relacionadas à suinocultura modificaram-se bastante, transformando esse tipo de negócio. Para completar, os grandes centros produtores estão localizados nas proximidades de importantes frigoríficos, quase que eliminando os caminhões “porcadeiros” em nossa região.

Caminhão "porcadeiro"

Em determinada época, a carne suína estava em alta, principalmente devido ao controle sanitário entre fronteiras estaduais, buscando o controle da saúde dos rebanhos brasileiros.

Helio estava retornando do Paraná a Tatuí com um de seus caminhões carregado da mal-cheirosa carga. Ao chegar na ponte que liga o Paraná a São Paulo havia uma barreira de fiscalização que impediu que continuasse sua viagem. Devido a uma doença do animal, estavam proibidas as viagens entre os estados da Região Sul e São Paulo.

- Tsk! Tsk! Essa história não está bem contada!

Helio tentou argumentar de todas as maneiras. Ele, bom de papo como era, pensou que conseguiria que lhe permitissem passar com seus porcos. Negativo! Não pode passar. Deveria retornar ao local de origem dos animais.

Aquilo ia transformar sua viagem em um grande prejuízo. Não poderia voltar, tinha que encontrar uma maneira. E encontrou. Fez um plano para passar pela fronteira.

Voltou até Sengés e alugou um ônibus de 40 lugares. Passou em um armazém e comprou 40 chapéus de palha e alguns metros de corda. Estacionou o ônibus perto do caminhão e quando entardeceu foi retirando os porcos, um a um, e colocando cada um deles amarrado no banco do ônibus, como que estivessem sentados. Comprou algumas roupas usadas em um bazar e vestiu os porcos que ficariam nas primeiras fileiras.

Os porcos estavam todos vestidos!

Ocupou todos os lugares com os porcos sentados, devidamente amarrados aos bancos, impossibilitados de sair. Nesse momento a noite já estava escura. Tudo estava preparado. Só faltavam os disfarces. Colocou um chapéu em cada um dos porcos e mandou o motorista partir.

O barulho dentro do ônibus era imenso, assim como grande era o cheiro ruim que exalava do veículo.

Helio sentou-se na primeira fileira, junto com um de seus empregados. O caminhão seguia o ônibus, viajando vazio. Quando o ônibus chegou à barreira, um policial deu sinal para que este parasse no acostamento. Assim que parou, Helio desceu rapidamente e começou a conversar com o guarda, enchendo o tal de conversa para que não entrasse no veículo para inspecionar.

- Pois é, seu guarda, é uma excursão de velhinhos de Tatuí e estamos voltando... tá todo mundo cansado! - explicava Helio.

O policial ia entrando no ônibus, estava já no primeiro degrau. Helio colocando-se a frente do mesmo, argumentou:

- Tá todo mundo dormindo! – disse Helio ao policial – Escute só como roncam! – complementou.

KKKK Faz-me rir!

Assim, acreditando que eram passageiros dormindo a sono profundo, roncando como nunca, resolveu deixar o ônibus seguir adiante. Não iria perturbar o sono daqueles que pensava ser alguns velhinhos.

Arre! Que porcaria! Só faltava essa!

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