quarta-feira, julho 26, 2006

55) O Show de Elba Ramalho

Anualmente acontece em Tatuí o Festival de MPB, promovido pelo Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”. Tornou-se um dos principais eventos do gênero no Brasil. Juntamente com o concurso de novas composições há apresentações de artistas famosos da MPB. Em cada edição acontecem shows que atraem muitos fãs.

Auditório do Conservatório de Tatuí

Este caso aconteceu em 2001, quando Elba Ramalho veio a Tatuí fazer um show no auditório do Conservatório. Foi combinado que um táxi iria buscar a cantora no aeroporto de Guarulhos. Cristiano, funcionário do Conservatório, já havia agendado o táxi. Escolheu um Santana novinho em folha. Era o melhor táxi da cidade. Claro, a artista merecia ser bem tratada.

Com bastante antecedência, Cristiano chegou a São Paulo. O taxista, cujo nome omitirei por óbvios motivos, deixou-o no aeroporto e foi ao estacionamento. Só que ele não quis ficar no estacionamento ali dentro do aeroporto para não pagar. Queria “lucrar um extra”!

- Mas eu preciso que você venha imediatamente quando a Elba chegar! – disse Cristiano bastante preocupado.

- Não tem problema, você liga em meu celular que eu chego num instante! – retrucou o "econômico" motorista.

Isso tranqüilizou muito pouco ao Cris, que estava um tanto desconfiado.

Algum tempo depois, aterrisa o avião com a Elba. Veio ela e o marido Gaetano. Cristiano imediatamente ligou ao motorista, para que ele viesse imediatamente para pegá-los.

Elba Ramalho e Gaetano

A chegada de Elba provocou algum tumulto no aeroporto. Sempre é assim quando famosos aparecem. As pessoas ficam fora de si... querem tirar fotos juntos, autógrafos, conversar e mil-e-uma coisas mais. É incrível! Parece que a simples presença de um famoso é suficiente para emburrecer uma multidão.

Foram direto para o local de embarque, mas o táxi não estava lá. Ficaram esperando um pouco, enquanto Cristiano ligava mais uma vez ao taxista, já desesperado com a situação.

Mas, enquanto isso ia juntando gente e o táxi não chegava. O motorista parou longe demais e o trânsito naquele momento estava travado. Além disto, a fila de táxis era imensa... andavam a passos de tartaruga. Com isto, Elba assustava-se com a multidão que a cercava. Não haviam preparado seguranças especiais, pois seriam apenas um “desce aqui e sobe ali”... Cadê o táxi?

A fila de táxis no aeroporto era imensa e o de Tatuí estava bem atrás

Já demorava perto de meia hora. Elba disse para o Cristiano chamar outro carro, mas ele argumentou que este já estava certo (e pago) desde Tatuí. Ele não tinha o que fazer a não ser rezar mentalmente para o carro chegar.

Ligou inúmeras vezes. Em todas a mesma resposta:

- Mais uns minutinhos e estou aí!

Mas não chegava!!!

O Cristiano costuma ficar enrubescido com facilidade. Naquele momento sua cor passava do pálido “branco susto” ao roxo “vergonha” em segundos. A mulher parecia enlouquecida.

E o Gaetano? Esse estava a um instante de bater no Cristiano, naquele momento o culpado de todos seus problemas. Resmungava o tempo todo... praguejava, xingava...

Bem, com um atraso de uns 45 minutos chegou o táxi. Preciso frisar que foram quarenta e cinco looooongos minutos!

Em minutos estavam partindo para Tatuí. A cor do Cristiano parecia estabilizar naquele róseo normal. Logo estavam na Castelo Branco. Em pouco tempo chegariam em Tatuí.

O danado do motorista, entretanto, não parava com as gafes:

- Dona Elba, a senhora isto, dona Elba, a senhora aquilo? – incessantemente perguntava.

A mulher, irritadíssima respondia secamente aquele interrogatório. Foi necessário que Gaetano desse um toque bem sutil... do tipo “o senhor pode ficar quieto um pouco”?

Rodovia Castelo Branco

Só que ainda havia um papelão reservado pelo danado motorista. Ele não ligou o "desconfiômetro"! Quando aproximavam-se do pedágio de Boituva, o artistão resolveu entrar em uma estradinha de terra para economizar o valor do pedágio.

- O que é isso? Onde vocês estão me levando? – assustada, Elba gritou.

- É um assalto? Um seqüestro? – perguntou Gaetano, que se continha o quanto podia para não arrebentar a cara do taxista.

- É apenas um “atáio” que eu peguei pra senhora chegar mais depressa, dona Elba! – explicou o taxista.

A cor do Cristiano, que já havia ido do pálido ao roxo mais de 50 vezes durante a viagem, desapareceu completamente: depois de ficar verde, estava quase transparente de vergonha.

Mas uns pulos aqui, uma poeira ali, um salto no banco acolá e voltaram à estrada.... logo estavam em Tatuí.

Assim que desceu do carro, em frente ao Hotel Del Fiol, Gaetano disse ao Cristiano:

- Nesse carro nós não voltamos de maneira alguma. Arrume outro! – determinou.

Tiveram que chamar um táxi Omega de Sorocaba para levar a Elba de volta a São Paulo. E o taxista artistão? Este nunca mais foi chamado pelo Conservatório. Tanto que economizou com estacionamento e pedágio que conseguiu: não vai precisar mais pagar por isso, pois não viaja mais com o Cris!!! Só em Tatuí!

Ainda bem que no palco Elba Ramalho esqueceu-se desse episódio e arrasou!

2 comentários:

Anônimo disse...

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Unknown disse...

Fran,

adorei rever algumas estórias de minha terra. Lembro-me com saudade de "nosso tempo". abraço

Jorjão