sexta-feira, dezembro 12, 2008

71) E então, travou!

Tatuí sempre foi conhecida pelos seus tradicionais carnavais em todo o estado de São Paulo. Era o melhor do Interior, diziam. Bons tempos... Cordão dos Bichos, com Moacir Peixoto vestido de toureiro. O Jacaré com seu traje de mulher, se exibindo como porta estandarte. As famosas fantasias de índios, piratas, odaliscas e outras mais no corso, na passarela da Rua 11 de Agosto.

Jacaré, "linda" Porta-bandeira!

O Cláudio “Polenta” Mantovanni com suas fantasias originais no “Vai Quem Quer”. O Ju Meirelles e sua impressionante criatividade para produzir fantasias. O Acassil sempre vestido de palhaço.

O Acassilzinho com sua tradicional fantasia de noiva. O Paulo Vagalume comandando as escolas de samba. E o Amado de Jesus Miranda dando shows na avenida, com seu eletrizante samba nos pés.

A cidade de Tatuí sempre foi carnavalesca por excelência. O tatuiano gosta de carnaval e de samba. Para complementar esta obsessão pelo carnaval havia também os tradicionais folguedos carnavalescos no Tatuiense, Recreativo, Tatuí Clube e na Sociedade Italiana.

Ihhh!

Um fato novo acontece na cidade. Unem-se o Recreativo e o Tatuiense. Desta feliz união surge o Alvorada Clube, com seu majestoso prédio no Jardim da Santa. Na época, poucas cidades do interior possuíam uma estrutura como esta instalada na cidade do carnaval.

Deste local e ponto privilegiado começam a surgir os famosos carnavais do Alvorada. O XI, meio enciumado com o sucesso do concorrente, precisa urgente tomar uma providência para não ficar para trás.

Quanto riso, quanta alegria, mais de mil palhaços no salão...

Afinal, concorrência é sempre concorrência. A Égua Vermelha acolhe uma grande idéia e abre as portas para o Rizek. Desde esta data, as sextas-feiras de carnavais são preenchidas com o famigerado “Grande Baile do Vermelho e Preto”. Rizek, com sua criatividade incrível, começa a tematizar este baile carnavalesco.

O Vermelho e Preto atrai foliões de toda a região para a sexta-feira quente do carnaval de Tatuí. A coisa começa a se industrializar e virar um grande negócio para muita gente de visão. A decoração do clube, um verdadeiro colírio para os olhos dos freqüentadores e as fantasias, sempre nas cores vermelho e preto – traje obrigatório – desperta a criatividade de foliões de bom gosto. A partir daí tudo vira festa na sexta-feira de carnaval. As vitrines das lojas eram decoradas nas cores vermelha e preta e os tecidos e sapatos disputados para quem melhor queria se apresentar neste sarau carnavalesco.

O Jornal Integração, como sempre fez excelentes coberturas dos carnavais de Tatuí, se engaja nesta parada e acompanha de perto, registrando os famosos bailes do Vermelho e Preto. Todos os anos que se seguiram, o semanário escalava um fotógrafo para ficar de plantão no salão principal do XI de Agosto. O propósito era que as lentes, atentas, acompanhassem e registrassem os melhores momentos do carnaval tatuiano.

Mas, 1981 não foi um ano repleto de felicidades para o jornal... nem para o Vermelho e Preto. Neste ano, como diz na gíria, o clube estava bufando de cheio. Quem o jornal escala para a cobertura? Tchan, tchan, tchan... Dirceu, o fotógrafo. Se assim era conhecido, tinha uma razão. Era porque sempre foi bom na arte de fotografar. A expectativa para aquele ano era muito grande.

O Rei do Vermelho e Preto

Pretendia-se aumentar as páginas do jornal e disponibilizar mais exemplares nas bancas. Era ano de ganhar dinheiro. Os melhores momentos deste baile deveriam estar na máquina de Dirceu, que na época não era digital. Era filme 35mm mesmo.

E a sexta-feira foi passando e o sábado de madrugada chegando. 23 horas, meia-noite, 1 hora, 2 horas, 3 horas... E todo mundo vibrando com as melhores marchas carnavalescas. Neste horário, o Zé Reiner, editor do jornal, resolveu dar uma conferida no trabalho. Logo ao chegar no XI de Agosto, no pátio externo, dá de cara com Dirceuzinho. Sentado, meio largado em um banco, gravata desarrumada e máquina solta de um lado. Ele olha para o editor e somente teve forças para dizer:

-Travou!
O Zé Reiner ansioso, pergunta:
- O quê? A máquina?
Dirceu Fotógrafo, responde:
- Não. Eu!

Travou mesmo!!!

Este foi um Baile do Vermelho e Preto que ficou apenas na memória dos foliões. Os produtores do evento, com sua mania de exclusividade, permitiam apenas que um fotógrafo entrasse no clube para registrar o baile. Não saiu foto alguma no jornal!!!Duvidou deste caso? O Dirceuzinho trabalha na Foto Menezes. Vai lá e pergunte pra ele!!!

Colaboração: José Reiner

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