sexta-feira, agosto 25, 2006

59) Vá plantar bat... digo, ervilhas!

Há pouco mais de trinta anos, um quarteto tatuiano resolveu ganhar a vida na lavoura. Mais precisamente plantando ervilhas. Ótimo! Ervilhas dão um bom lucro.

Os lavradores componentes do fantástico quarteto eram o Acassilzinho, Luis Carlos (Pelé), Máximo e o Joaquim. Ninguém lembra de quem partiu a idéia, mas todos estavam empenhados nessa empreitada, cada um deles com um plano diferente para aplicar o dinheiro que ganhariam com a venda desse vegetal…

Todos tinham planos definidos para fazer com todo dinheiro que pretendiam ganhar (seria muito dinheiro, de acordo com os planos do quarteto). O Joaquim disse que iria comprar uma calça da Gledson, para “abafar” em Tatuí... O Pelé queria guardar dinheiro para comprar um caminhão. Já o Máximo ia comprar uma TV colorida, que nessa época era algo bastante caro. Só não sei em que o Acassilzinho pretendia investir... ia só gastar, talvez... Claro que ia dar para muita coisa, pois, de acordo com as projeções que fizeram iam ganhar muito, mas muito dinheiro!!! Iam gastar bastante e ainda sobraria muita coisa.

A produção inicial seria em uma pequena parte do sítio do Acassil (pai do Acassilzinho, claro), mas de acordo com os planos do plantadores, em pouco tempo estariam plantando no terreno todo. Se preciso, arrendariam mais alguma propriedade para plantar as ervilhas.

O preparo do terreno foi bastante complicado e trabalhoso. O local escolhido era um tanto pedregoso e cheio de raízes de plantas antigas… Deu uma mão-de-obra terrível. Os lavradores, que nessa época tinham por volta de 15 anos, esforçaram-se demais para afofar aquele terreno duro como pedra.

O difícil trabalho de preparação da terra durou longos 2 finais de semana. Os meninos trabalharam como gente grande!!! Já pensavam em abandonar a escola para trabalhar… esse negócio de ficar a semana inteira na cidade, estudando, estava atrapalhando os planos de enriquecer.

Trabalhavam tanto que gastaram diversas enxadas!

Agora faltava apenas plantar. Iam aproveitar o final de semana para isso. Voltaram ao sítio na sexta-feira à tardinha. Examinaram o local onde fariam a roça de ervilhas, acertaram as sementes, prepararam as ferramentas… Animação total!

- Vamos levantar de madrugada para trabalhar! – disse o Máximo – Assim terminamos logo e vamos nadar no tanque! – completou.

- Boa idéia! – concordaram todos.

E assim fizeram. Mexeram aqui e ali e foram dormir bem cedo. Para levantar antes de amanhecer, ajustaram o despertador para tocar antes das 5 e meia da manhã.

Nesse final de semana, o Acassil (pai) foi com amigos passar a noite no sítio, conversando. Foram lá o Zé Reiner e o professor Firmo Del Fiol. Conversa e mais conversa, assuntos e mais assuntos.

Jantaram tarde e ficaram rodeando a mesa até a madrugada.

O bule estava vazio

Perto das 2 horas da manhã, o sono começou a incomodar o Zé Reiner, que pensou em tomar um pouco de café. Mas não sobrou nem um pingo no bule…

- Faça café! – disse o Acassil.

Mas ninguém sabia fazer… O especialista em café ali era o Luís Carlos, que dormia como um anjo.

- Vou acordar o Pelé! – disse o Zé Reiner, indo em direção ao quarto onde dormiam os quatro lavradores.

- Ô Pelé! Acorde!

Nada… todos dormiam pesadamente.

Zé Reiner adiantou a hora no despertador

O Zé Reiner pegou o despertador que estava preparado para tocar no final da madrugada e adiantou a hora. Naquele momento passava pouco das 2 horas, mas ele adiantou até 5h25, mais ou menos.

Dali a uns poucos minutos despertou. TRRIIIIIMMMMM !!!! Que barulho irritante!

Os quatro dorminhocos levantaram, com muita preguiça.

- Vamos tomar café e trabalhar. Já está quase amanhecendo! – disse Acassilzinho, com os olhos ainda grudados…

Luís Carlos, especialista em café, foi para a cozinha e preparou um belo bule de café, bem forte.

Acassil e os amigos ficaram bem quietos. Não disseram coisa alguma sobre o horário real.

Pouco tempo depois, os quatro sairam da casa. Estavam quase tropeçando na escuridão, mas o sol não devia tardar a surgir…

Foram andando, com bastante dificuldade, no caminho para a roça. Estava muito escuro.

O Joaquim, intrigado com a escuridão, disse que naquele dia estava acontecendo um eclipse do sol… Não tinha outra explicação aquela demora para clarear. E o pior de tudo que esse eclipse solar acontecia na madrugada.

Como estavam com lanternas, acabaram chegando no local da plantação. Sentaram-se para esperar o sol nascer e, então, trabalhar com as sementes.

Mas nada do sol.

Ficaram mais de uma hora sentados na escuridão. Nada do sol.

- Melhor voltar para casa! – disse o Máximo. Alguma coisa aconteceu com o mundo nesta noite.

- Será o fim do mundo?

A única explicação que encontraram foi um terrível eclipse solar

Voltaram apressadamente para a casa do sítio. Ainda estava bem escuro.

- Que será que aconteceu com o sol? – perguntaram ao Acassil.

Não obtiveram respostas… os três estavam sem fôlego de tanto rir com a situação…

Depois de descobrir o que havia acontecido, voltaram deitar… mas não dormiram quase nada e o sol apareceu. Levantaram-se, com muito sono, e foram plantar ervilhas...

O quarteto não conseguiu plantar a pretendida "árvore de dinheiro"!

E o resultado da plantação? ZERO, claro. Alguma coisa saiu errado. A plantação não vingou. Plantaram um saco de sementes e colheram meio saco de ervilhas em vagem!!! Foi só trabalho. KKKK!!

3 comentários:

Anônimo disse...

Deixe seus comentários. Se tiver um "causo" para contar, envie por e-mail: franzfelder@gmail.com

Anônimo disse...

Caro amigo Fran!
Voce narrou esse causo com tamanha fidelidade, que até parece que revivi a situação novamente. E para melhor informa-lo, o outro amigo que acompanhava seu Acassil éra o seu primo prof. Firmo Del Fiol que estava fazendo uma visita a Faz. Sto Ignácio na Quadra....já o meu plano para investir o dinheiro arrecadado com a plantação era comprar uma TV em cores...pena que plantamos apenas um saco de sementes e conseguimos colher um pouco mais de meio saco de ervilhas em vagem... um abraço
MÁXIMO

Unknown disse...

Kkkkkk...Muito bom!
Quando conseguimos imaginar a situação toda é porque o escritor é bom!
Parabéns! !!
Maria Cristina