quarta-feira, julho 01, 2009

76) A Lambreta do Del Bem

A moda no final dos anos 50 e parte dos anos 60 era ter uma Lambreta ou Vespa. A indústria automobilística brasileira dava seus primeiros passos e comprar um automóvel era um sonho distante para a maior parte da população. Mesmo uma Lambreta ou Vespa não era para qualquer um, entretanto, ainda era um sonho que poderia ser possível.

Vespa vermelha

Algum tempo depois a moda passou. O sonho de consumo passou a ser o automóvel: Volkswagen Sedan, DKW, Gordini, Simca, Aero-Willys, etc. A moda era o Fusca!

Alguns anos depois, a motoneta voltou a entrar na moda. Todo mundo queria ter uma, além, é claro, do Fusca.

Nessa segunda vez em que as motonetas ficaram na moda, meados da década de 1980, o advogado e contador de "causos" Luiz Del Bem Jr. trabalhava na CESP e, com muito entusiasmo, comprou uma Lambreta. Era uma motoneta vermelha, bonita, barulhenta e poluidora. Ninguém ligava para isso nessa ocasião.

Lambretta

Prestimoso, quase nem andava com a sua joia. Ficava o tempo todo guardada na garagem da CESP, devidamente coberta com uma lona. Era um misto de veículo e namorada, pois ele tinha ciúmes de sua Lambreta. Ninguém podia mexer na bichinha, que arrumava uma encrenca na hora!

Certo dia, porém, teve de ir ao banco e, sem alternativa, montou na Lambreta. Uns minutos depois chegou ao Banespa, seu destino. Estacionou a motoca em frente à Ótica Peixoto e entrou no banco. Ah, mas estava preocupado! E se roubassem seu tesouro?

Sentou-se em frente ao gerente para tratar de negócios, ao mesmo tempo em que olhava para a rua, vigiando a motoca. Olha aqui, olha lá, impaciente, agitado... o gerente teve a impressão que o Del Bem havia ficado estrábico, pois colocou um olho nele e outro na rua.

O gerente do banco ficou preocupado com as atitudes do Del Bem. Pensou que ele estivesse tendo um treco qualquer e, por isso, resolveu a coisa rapidamente. Ainda bem, porque se aquilo demorasse mais 2 minutos o Del Bem ficaria vesgo para sempre!

Com um olho no gerente e outro na Lambreta, Del Bem arriscava ficar completamente estrábico!

Aliviado, saiu logo à rua. Não conseguiu atravessar a rua em um primeiro momento, pois o sinal estava aberto na Rua Onze e os carros passavam rapidamente. Quando o sinal foi fechando, percebeu que alguém saía montado em uma Lambreta vermelha. Um ladrão?

Não teve dúvidas, atravessou correndo a rua e, com um pulo, grudou no pescoço do rapaz que pilotava a Lambretta. Apertou o quanto pode. O rapaz, assustado, tentando se ver livre daquela situação, acelerou a motoneta.

Del Bem, com grande presença de espírito, levantou a parte traseira da Lambreta, que ficou com a roda girando no ar, mas sem conseguir sair dali. Gritava para o rapaz desligar o motor, mas acho que ele nem escutou, pois o ruído da máquina era alto. A fumaça do motor de 2 tempos enchia a rua, chamando a atenção de todos que ali estavam, inclusive de alguns policiais. Com a Lambreta acelerada e a roda girando em falso no ar, Del Bem olhou o velocímetro da motoneta, que marcava quase 100 quilômetros por hora.

Nesse mesmo instante, com o rabo do olho, viu estacionada em frente à Ótica Peixoto, a sua Lambreta. Imediatamente percebeu seu erro e soltou o pescoço do rapaz e a traseira da motoca. Quando a roda tocou no chão, girando em rotação máxima, o pneu patinou um pouco e a motoneta partiu como um raio, fazendo zig-zag, mas habilmente equilibrada pelo rapaz, que sumiu em instantes.

Os policiais, percebendo que o rapaz havia escapado, iam saindo em perseguição, quando o Del Bem, tentando disfarçar a situação, disse que o deixassem ir. Era um rapaz bem jovem e que, certamente, não tinha habilitação, apesar de sua habilidade em pilotar. Não quis conversa e desapareceu.

Todos ficaram intrigados com o acontecido, mas quando o Del Bem montou em sua Lambreta vermelha, idêntica à do rapaz, entenderam a cena e o engano ocorrido. Gargalhada geral!

3 comentários:

Rubens Oficial disse...

Por fim, o Dr Luiz se "deu bem".

cristinasiqueira disse...

oi Fran,

Gostei do causo e da ilustração dos zóinhos.
Daí me lembrei de um causo.
Nós tínhamos um armazem,a Casa Barino,que vc já mencionou algumas vezes.Pois bem,minha avó estava por ali escolhendo o que levar para a cozinha nas providências do almoço.Nisto chegou um rapaz todo ralado, vermelho de mercurio cromo e meu avô perguntou,o que foi isto?
E êle respondeu:foi a vespa.
E minha avõ retrucou:eram muitas não?
Minha avó era a rainha dos micos.
A cômica da família.
Desculpe,me empolguei.Na verdade passei para lhe dizer que como meu seguidor fica facinho,facinho chegar no seu blog.

Até mais,

Cris

Puckett disse...

Olá,,,
Conheci seu Blog atraves do Blog da Cristina Siqueira...!
Dei uma olhadinha e gostei muito, pois, são histórias de Tatuí, cidade da minha avó.
Estarei sempre visitando seu blog.
Visite meu Blog e dê sua opnião (ela é importante para mim):
www.talkisabella.blogspot.com
Abraços