quinta-feira, junho 21, 2007

67) Voando em alto estilo

Algumas pessoas têm medo de voar, incluindo eu mesmo. Realmente há certo grau de perigo. Não é para menos, pois tudo que sobe, desce. O problema está na maneira de descer!

O Tatit (quem se lembra dele? o Santana!), apesar de não admitir, tem lá seus medos de voar. Tem medo, mas se arrisca. Entretanto, para conseguir entrar no avião ele usa uma fórmula especial, cuja composição utiliza um remédio infalível para o medo: o álcool. Com isto, dependendo da dose, um camundongo enfrenta um leão!

Um dia, ele foi visitar seu irmão em Brasília (outro Tatit, claro). A viagem de ida ocorreu sem transtornos. Na verdade nem se lembra dela. Talvez tenha feito toda a viagem um tanto “amortecido”. O problema foi o retorno. O receio que tinha em voar, com a lembrança de alguns sacolejos na viagem a Brasília, foi aumentando, conforme o horário do embarque se aproximava.

De receoso, passou para amedrontado, de amedrontado para aterrorizado, de aterrorizado para horrorizado... Já estava trocando sua passagem da Varig por uma do Rápido Federal. Ia voltar de ônibus.

Mas, antes de sair da casa de seu irmão, começou a tomar umas e outras. Beberam o dia todo. Por volta das 6 da tarde foram ao aeroporto, pois o vôo sairia às 7. Aquele medo que invadia o coração do Tatit não mais existia. Havia bebido tanto que, se fosse o caso, voaria montado em um dragão. Cavalgaria até o coisa-ruim (ou cuzaruim, como se fala em Tatuí).

Aconteceu, no entanto, atraso no vôo que traria o Tatit de volta a São Paulo. Atrasos em vôos não é coisa recente. Este caso ocorreu há mais de 10 anos e o problema já existia. Como seu irmão não sabia do atraso, ficou sozinho no aeroporto. Foi ao restaurante e pediu uma porção de não-se-lembra-do-quê e um aperitivo. E mais cerveja. Ele precisava daquilo, pois era seu remédio contra o medo. Junto com a cerveja, tomava quebra-gelos de cachaça. E o vôo? Atrasado! As horas foram passando: 7 horas, 8 horas, 9 horas, 10 horas, 11 horas...

Durante a espera no aeroporto Tatit "bodeou"!

Logo depois das 11 da noite, escutou chamarem os passageiros (no sistema de alto-falantes do aeroporto). Levantou-se e caiu. As pernas estavam bambas. Com um pouco de esforço, andou até o local do check-in e embarque, mas não viu a fila. Não via coisa alguma com clareza e não conseguia ficar em pé. Para não cair novamente, foi sentar-se em uma cadeira que conseguiu enxergar por ali. Só que era uma cadeira de rodas. Sentou e bodeou. Como estava com a passagem na mão, um funcionário da Varig começou a empurrar a cadeira e levou direto ao avião.

Colocaram o “deficiente” sentado na primeira poltrona e perguntaram se ele desejava algo mais. Pediu mais uma cerveja, claro.

Sentado na primeira fila da primeira classe e tomando cerveja!

Que medo, o que... nem viu o avião levantar vôo e já estava dormindo.

Acordou em São Paulo. Quando se prepara para levantar da poltrona, ainda sob efeito das cervejas e dos quebra-gelos, fez alguns movimentos para sair. Logo surgiu um funcionário da Varig, com outra cadeira de rodas e, junto com uma aeromoça, desceram o Tatit do avião, levando até o saguão de desembarque.

Veículo de transporte do Tatit

Serviço de primeira! Perguntaram onde ele desejava ir. Conduziram até o serviço executivo de ônibus e de lá foi até a Praça da Republica. Lá havia uma outra cadeira de rodas esperando por ele. Desta vez ele só agradeceu e foi tomar um táxi. Não agüentava mais passear de cadeiras de rodas.

Quando estava no táxi, não havia passado ainda o efeito da bebida, mas contou ao motorista tudo que ocorreu. O cara ficou rindo do acontecido e bobeou, batendo o carro. Foram parar no 4º DP. O delegado do distrito estava uma fera, pois havia sumido uma arma de sua mesa. Deixou o Tatit, que ainda estava visivelmente atordoado, de molho na carceragem. Saiu pela manhã, só que desta vez não recebeu serviço de primeira.

Só para situar a cara de pau do Tatit, um sábado de 1976 foi tomar uma sauna no Alvorada Club. Mas não ficou na saúna, passou a tomar isto e tomar aquilo, até ficar muito louco.

Tatit saiu caminhando pelado pelas ruas da cidade!

Na saída, com o pensamento dando um looping atrás do outro, resolveu andar nu pela cidade. Desceu pelado a Rua Santa Cruz até o Lavapés, caminhando normalmente. Claro que as pessoas que viram ainda não esqueceram da cena. Não foi preso pois o Marcelo Peixoto o acompanhou em seu Maverick, carregando suas roupas. Vestiu-se dentro do carro e deixou o falatório correr um tempão. Algumas senhoras da cidade ainda não saem sozinhas nas ruas, devido à lembrança das cenas que assistiram!!! ARRE!

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