domingo, maio 14, 2006

48) Pegando no tranco

Certo dia um avião sobrevoou a Praça da Matriz logo pela manhã. Zuuuummmm! Era um bimotor Douglas "Havoc" A-20K da Força Aérea Brasileira. Tratava-se do coronel Ivan Bernardini Costa, que na ocasião ainda dava seus primeiros passos na FAB. Isto aconteceu em 1951, quando ele ainda era tenente-aviador.

O Douglas aterrisou no aeroporto de Tatuí

Tinha que cumprir algumas horas de vôo e, com essa desculpa, veio a Tatuí e aproveitou para ver sua noiva (depois esposa). Desceu no “campo de aviação” de Tatuí. Um telefonema e logo alguns amigos lá estavam para recebê-lo, mas sua primeira parada foi na casa da noiva. Isso era mais importante que todo o resto.

Mais tarde tornou encontrar-se com os amigos, para colocar as coisas em dia. Informou que estava sendo obrigado a cumprir algumas horas de vôo, como exigência de sua carreira militar.

-Tenho que voar ainda algumas horas hoje, para atingir a meta necessária! – contou aos amigos Erasmo Peixoto e Hélio Reali.

Hélio Reali teve uma idéia:

- Vamos visitar o Liliu Vieira! Ele está lecionando em Mirandópolis! – disse Hélio.

- Isso mesmo. Daqui até lá serão algumas horas de viagem pra você somar na sua meta, Ivan! – reforçou Erasmo.

Imediatamente Ivan topou a sugestão. Porque não? Cumpriria sua meta junto com seus amigos e ainda faria uma visita para outro. Tomaram o táxi para ir ao aeroporto, ou campo de aviação, como era chamado pelos tatuianos.

O táxi era um belo Chevrolet “De Luxe” do Chico Arruda, conhecido chofer de praça da cidade. Avisaram aos familiares e foram ao avião.

O aeroporto de Tatuí consistia de um pequeno hangar e uma pista poeirenta. Hoje tem diversos hangares e sua pista é asfaltada, capaz de receber até jatos de tamanho médio.

Desceram do táxi e subiram no avião. Enquanto o pessoal que ficou em terra olhava, Ivan preparava-se para dar a partida no aparelho. A partida era feita com emprego de cartuchos carregados com pólvora, que explodiam em um compartimento próprio, dando o início de rotação ao motor.

O cartucho era acondicionado em peça igual a esta

BANG! Explodiu o primeiro cartucho, mas o motor praticamente não se moveu. A hélice estava imóvel.

Isso era coisa normal. Dificilmente o motor “pegaria” com o primeiro cartucho.

BANG! Mais um estouro e apenas um pequeno movimento na hélice.

Os “expectadores” que estavam em terra já achavam que não iria funcionar.

BANG! Um pequeno giro e parou.

No momento em que Ivan preparava-se para disparar outro cartucho, percebeu que o avião estava andando... devagar, mas já aumentando a velocidade. “Será o vento?” – pensou.

Ivan abriu a janela e deu uma espiada no que acontecia

Colocou sua cabeça fora e olhou para trás. Havia uma multidão empurrando o avião, que a esta altura já estava com uma boa velocidade.

Chico Arruda, que liderava o empurrão do avião, deu um grito:

- Engate uma segunda! Engate uma segunda e dê um tranquinho que pega!

Cel. Ivan voou o mundo todo pela FAB, mas coisa assim só poderia ter acontecido em Tatuí!!!! ARRE!

Depois da trapalhada, voaram tranquilos para encontrar o Liliu

Um comentário:

Anônimo disse...

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