sexta-feira, setembro 02, 2005

04) Tibones, filés e multas

Era sábado e eu marquei almoço com o Thiers, Thony Guedes (com agá e ypisolon) e mais uma pessoa que tem letras duplas em seu nome (assim como buRRo, que tem dois eRRes). Marcamos encontro na praça da Matriz, mas atrasei e eles já haviam saído. Liguei para o celular do Thiers e pedi que aguardassem uns minutos, que logo eu estaria lá.

Peguei a rua Onze de Agosto e estava indo para o restaurante... Quando entrei na pista dupla da rua, escutei a sirene dos bombeiros, sinalizando para me ultrapassar. Vruum! Passaram rapidamente, indo atender alguma emergência.
Como Tatuí passou tantos anos sem bombeiros? Esse pessoal trabalha todos os dias em atendimentos de todos os tipos. Parece incrível, mas as pessoas sempre “inventam” uma nova maneira de entrar em dificuldades e, daí, só mesmo chamando os bombeiros.

Essa profissão não é pra qualquer um... é preciso ter preparo físico, treinamento e vocação, é... sem vocação não dá para sem um bombeiro. Além disso, uma pessoa que vive de ajudar outros tem de ser “do bem”. Não há outra forma.

Enquanto pensava, passei por um posto de gasolina fechado e vi um vulto sorrateiro escondendo-se na rua... prestei mais atenção, pois aquele andar furtivo, agachado, parecia um gato “fechando” um rato. Quando cheguei perto percebi a razão daquele comportamento: era o responsável pelo radar móvel. Olhei com atenção e lá estava o aparelho, disfarçado e camuflado. O motorista descuida um pouquinho e, pimba, lá vai multa.

A comparação foi inevitável: depois de ver os bombeiros, considerar o trabalho que fazem, o esforço e o risco que sua profissão requer, aparece isto. É certo que o trânsito deve ser organizado e fiscalizado, mas naquele momento, depois de ver os bombeiros correndo para atender alguma necessidade, operadores de radar estavam em desvantagem nas comparações.

Pensei nas exigências feitas para admitir um bombeiro e imaginei que também, no caso do radar, algumas exigências existem. Ainda mais hoje, que as empresas buscam ajustar as características pessoais de seus funcionários com as tarefas a serem cumpridas. Fiquei curioso em conhecer as respostas dadas pelos candidatos a operador de radar móvel no momento da entrevista de emprego. Quais seriam os valores e as vocações consideradas nessa entrevista?


Nesse momento cheguei ao restaurante. Agora em diante as preocupações eram sobre assuntos bovinos, não mais de comportamento humano. Quer dizer, assuntos bovinos para três, pois o quarto integrante estava mais interessado em peixe assado e, principalmente, em ser visto por lá.

E os bombeiros, será que foram multados? Deixa pra lá, o tibone chegou.

03) Tatuí faz progresso com alta tecnologia em pesquisas biomitológicas

Segundo meu grande amigo José Cabreira, Tatuí está na vanguarda da pesquisa biomítica, uma área pouco explorada e que pode render frutos importantes tanto em termos econômicos quanto na promoção da cidade.

Trata-se de algo inovador, que nem mesmo os principais países desenvolvidos conseguiram obter sucesso, apesar da literatura norte-americana apresentar alguns casos que se assemelham tanto no aspecto mítico quanto biológico. Entretanto, essa literatura está restrita à Editora Marvel.

Em Tatuí, a pesquisa envolve aspectos folclóricos e científicos, criando grandes expectativas econômicas. Trata-se da única criação de sacis que se conhece. Um plantel de mais de 10 mil espécimes, de todos os tipos, predominando a criação de sacis loiros, uma exigência para entrar no mercado europeu.

A Alemanha, um dos países interessados na aquisição de sacis, exigiu que os sacis para lá destinados fossem loiros. Além disto, pedem que sejam treinados para servir como garçons, devido à grande agilidade do bichinho em deslocar-se entre mesas com espaços exíguos. O plantel de sacis tatuianos conta com exemplares negros (os sacis originais), loiros e asiáticos, buscando, com isto, atender a todo tipo de solicitação.



Paralelamente à criação de sacis, desenvolveram-se no município de Tatuí diversas atividades complementares, gerando centenas de empregos e possibilitando melhor distribuição de renda e, ainda, aproveitando a mão-de-obra ociosa, que foi submetida a prévio treinamento, pois não se encontrou em nenhum lugar do planeta mão-de-obra especializada em criação de sacis. Já se pensa em instalar um curso técnico em Criação de Sacis, na Escola Salles Gomes.

As atividades econômicas complementares diretas e indiretas já respondem por importante parcela do PIB tatuiano e compreendem:

1) Criação de carrapatos – a alimentação dos sacis tem como base a farinha de carrapatos. Talvez devido sua grande influência no folclore nordestino, aprendeu a comer tudo com farinha: café com farinha, goiaba com farinha, laranjada com farinha. Mas é exigente e só come farinha de carrapatos.

2) Vestuário – inúmeras confecções surgiram para fazer as roupas dos sacis, adequando-as para cada destinação do espécime: garçom, barman, cozinheiro, porteiro, ajudante de serviços gerais e o modelo mais recente:pagodeiro.

3) Calçados – diversas sapatarias puseram-se a fazer os sapatos para sacis, que não é nem pé direito e nem esquerdo... é um pé “tipo pé de centro”, para o qual não havia sapatos em nenhum fabricante. Estima-se que a produção de sapatos para sacis possa atingir em médio prazo a 100 mil pés por ano, gerando renda e trabalho para a população tatuiana.

4) Serviços complementares – muitos profissionais passaram a dedicarem-se somente ao saci: manicures, cabeleireiros, maquiadores, professores de línguas estrangeiras (inglês, alemão, francês, italiano e japonês, principalmente), enfermeiros, trainners, etc.

Empresas de saúde também criaram planos exclusivos para sacis, como a Sacimed, explorando todas as possibilidades que se apresentam nessa área. Também as seguradoras e instituições bancárias criaram produtos exclusivos para atender aos sacis que irão trabalhar no exterior. O Banco do Brasil pretende abrir uma agência em Berlim só para captar os envios de euros dos sacis que trabalham em território alemão.

O Itamaraty criou a Divisão Saci, visando atender aos sacis brasileiros espalhados pelo mundo. Sabe-se que eles sofrem pressão em determinados locais, pois o espécime é um tanto atrevido e agrada as mulheres, que logo caem de paixão pelo bichinho, deixando seus maridos loucos de ciúme.

Percebe-se que a atividade tem ainda muito que expandir, colocando o município de Tatuí na vanguarda da pesquisa biomítica mundial, com resultados expressivos para a economia local.

Espera-se que as autoridades municipais e estaduais criem condições para a expansão da criação de sacis, fomentando o desenvolvimento regional, instalando escolas para sacis e treinamento de mão-de-obra para a criação do bichinho.

Mas pensando bem, Tatuí está mesmo precisando de algo que possa incrementar sua economia, gerar empregos e renda, pois é uma das cidades mais pobres da região. Nem que fosse mesmo criação de sacis!